quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Besteirolas demasiado sérias

I- Ternura

Eu estava de ressaca e pensava em forma de poesia:

Mamãe já falou: Estou
triste.
Papai não fala nada.
Eu minto que a minha tristeza
no fundo é alegria,
mas alegria contida. Baseada
no fato real, já tão conhecido
que não vale à pena mencionar.

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A lua hoje
não me permite
falar sobre amor, até porque
acho que uma coisa nada tem a ver
com a outra

Só estou com vontade de imaginar
as breves noites em que seguro aquelas mãos
as noites em que aquele abraço e aquele
par de olhos mel
serão muito maiores do que qualquer palavra.

II - Dor de cabeça:

Essas porra desses jornal que ninguém lê! Fica tudo sujando as calçada!

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A velha olhou pra mim: Vixe, acabou minha cerveja!
E eu com isso, porra? Respondi.
Ela disse que gostou de mim.
Não tenho grana, velha.

O cara do lado tornou-se o novo bonitão do bar.

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Hoje não há muito espaço pra sorrisos. Aconteceu o que não importa. Não, não houve guerra ou derrota...não houve revolução. O sol nasceu e dormiu como sempre. Fez inclusive um dia bonito normal. As pessoas indo e vindo sob os olhares distraídos dos enormes prédios da Rio Branco, trabalhando mais uma vez.As calçadas dos tempos do império são as mesmas velhas agourentas e nostálgicas que existirão depois da nossa geração. Perpetuamente.
Os pequenininhos em casa, a boca no peito: Papai chega logo? Mamãe acha que papai não chega logo porque hoje é sexta-feira e aí já viu né?
E eu aqui, queimando cigarros pra queimar mais do que cigarros. Hoje, nada aconteceu.

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III - Auto-ironia

Deixei a palavra cair no chão, de modo que logo se lhe abriu um baita bucetão bem no meio da testa, mas poderia ter sido no joelho, caso ela caísse de joelhos. Acontece que a palavra era cabeça.

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Quando fui mijar, acho que não estava bêbado e sim distraído, de modo que puxei o saco pra fora e acabei mijando na calça, com os ovos pendurados no ar. Me senti um idiota.

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Cansado de auto-ironia, respiro fundo agora
e me calo.
Olho fundo no horizonte.
No fim da lnha não há luz,
nem mesmo
a exausta luz do pôr-do-sol.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Canção niilista


Já não faz diferença se eu parei de pensar
quando perdi a cabeça ela já pesava demais
e os meus ombros doíam, eu já queria parar

Já não faz diferença se eu perco o meu tempo
se não posso dormir, se não tenho palavras
ou se falo demais...se quiser pode entrar

Só precisa abrir a porta
Só precisa abrir a porta

Eu já disse isso:

só precisa abrir
a porta.