sexta-feira, 2 de abril de 2010

Má descoberta


Ela corria nua por gramados verdes e floridos.
Cabelos ao vento. Os lavradores
e os vaqueiros e os animais
a desejavam. Ela sorria e
cumprimentava o sol e a grama.

Era um sonho

Acordou em seu quartinho já cansado
ouvindo os bêbados gritando lá embaixo
e os ladrões roubando
e os motores da cidade funcionando.
Não tinha cerveja nem dinheiro.
Ninguém a desejava.
O espelho estava partido. Seu coração.
Também não havia lindas flores
nem animais fofinhos.
E o sol era abraçado pelo ar pesado da metrópole.

Ela poderia dar aulas de como
perder na vida. Filhadaputa muito azarada.
Perdera toda a crença em santos
e em milagres.
E pensa todos os dias, cabeça entre as mãos:
- diabo safado,
amassa o pão que eu como.

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