quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O acaso e outro caso

Dia desses, andando pelo Largo da Carioca, um sujeito gritou no meu ouvido de repente: "Jesus Cristo é o senhor!" Olhei pra ele com ar preocupado, respondi que eu não era nada e o aconselhei, não tão educadamente, que fosse fuder a vida de outro. Aqueles três velhinhos não fizeram isso com aquele moleque pobre lá na manjedoura? Chamaram-no de Jesus, nem esperaram que ele pudesse responder por si e deu no que deu, o garoto entrou na porrada e foi crucificado. Mas comigo não!

Falando nisso, lembrei de uma história linda sobre destino, coisa na qual nunca acreditei - como aliás não acredito em muitas coisas - mas aconteceu com pessoas muito próximas a mim, um homem e uma mulher a quem chamarei por Norato e Maria Rita, respectivamente, para que sua privacidade permaneça. Pois bem, acontece que eu saía muito com os dois, embora nunca houvesse coincidido de sairmos os três juntos, e falo de muito tempo, de anos. Também nunca lembrei de comentar sobre um com o outro e nunca pensei que, caminhos cruzados, alguma coisa pudesse haver entre os dois, até porque Maria era mais corujona, gostava da noite e de boates, enquanto Noratão era mais de acordar cedo, curtir uma feijoada, um churrasco, uma cervejinha à luz do sol e longe da clausura dessas boates.

Certa vez, totalmente por acaso, combinei alguma coisa que já não lembro o que era, na qual os dois finalmente se encontrariam. Ocorreu que por igual acaso o encontro fora adiado, pois Maria ficara de cama por conta de alguma virose ou uma grande ressaca. Perdoem minha memória falha, acontece que além de outros motivos, não sou do tipo "narrador onisciente", embora o pareça. Vale a pena observar que Mariazinha era possuidora de seios antigravitacionais, que venciam com bravura a lei da gravidade. Não eram grandes, antes de mais nada, eram seios bravos, que apontavam pra cima com delicadeza e determinação. Fosse um poeta, eu diria que almejavam transcender o corpo e alcançar a graça divina...mas retomemos a bela narrativa que pretendo concluir.

A verdade é que toda história com final feliz deve ter um dedo do destino, do acaso, as pessoas gostam de acreditar que existem essas coisas, quase sempre pra tirar um pouco do peso de alguma merda de responsabilidade delas. Neste caso é diferente: eles nunca tomaram conhecimento um do outro. Mas posso dizer, pro relato não perder o charme, que ambos foram muito felizes nos bons momentos da vida e sofreram nos ruins. Maria Rita acabou casando e vai morrer. Norato já morreu, acidentado. Alguns dizem que é o destino, outros, que a vida tem dessas coisas.

...

eu não falo nada.

4 comentários:

  1. e eu aqui esperando o "e viveram felizes para sempre" como normalmente as histórias de "destino" acabam, mentirosas.
    Genial.. odeio ser repetitiva.

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  2. Bacana meu nobre!
    Já que a Mariazinha não morreu ainda, quero o TEL dela, sou fissurado em seios antigravitacionais.
    Principalmente de mulher casada! rs

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  3. Mariazinha do bole-bole, tá ligado na canção?

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