quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Discussões essenciais deliberadamente inconcluídas e esvaziadas de importância

- Não foi bem isso que eu quis dizer; não é que as coisas tenham que ser deste ou daquele jeito, e sim que as coisas já são simplesmente, mas posso botar o nome que eu quiser nelas, porque tem nome muito despropositado nesse mundo. Por exemplo, o carro eu chamo de caro porque não tenho grana pra comprar um; guardanapo eu não chamo de nada porque não uso, embora nunca tenha entendido o que seria um napo... bom, não era bem sobre isso que falávamos, né? Mas deixe-me resumir desta forma: as coisas são o que são e ainda assim não têm razão de ser. Tatua essa porra nas tuas costas que tu vai tirar onda.
Falando sério agora, essa coisa de sempre querer respostas e provas acho uma grande besteira, ainda mais se for apenas com palavras, porque elas não dizem nada, é só uma sequência de fonemas traduzidos em morfemas que vão se agrupando pra gente explicar tudo que existe no mundo. Mais ou menos isso, rsrs. Amor não se fala, amor se faz, se expressa, se sente ou não. A vida não se explica,a vida a gente tem, vive, sente, perde. Origem do mundo, origem da vida...besteira! Fé e ciência estão na mesma canoa furada, enganando as pessoas com provas inventadas, só porque não nos conformamos em não ter todas as respostas. Se aproveitam da nossa solidão e arrogância. Eu não faço perguntas nem formulo respostas e não quero que me façam perguntas nem me exijam respostas. Aliás, me diga só uma coisa: sabe quanto tá o jogo? Não, ainda não estou bêbado, se é isso que você está tentando insinuar com essa cara escrota, de débil mental. Nem tá ouvindo o que estou falando né? Tudo bem, tá tudo guardado no vento, nas moléculas de ar. Um dia alguém pensará igual. Na verdade, acho que nesse exato momento alguém pensou a mesma coisa, pois acho que não existe nada original que não seja em comum. Tudo já foi dito ou pensado ontem ou hoje ou amanhã. Tanto faz, se tudo será esquecido em breve, se tudo morrerá de uma forma ou de outra.

Depois de tão longa divagação sobre tantas coisas, ele percebeu que andava em círculos, que já não tinha mais uma linha coerente de raciocínio e resolveu levantar-se e ir ao banheiro, tomando o cuidado de antes desligar a TV; passou água na cara evitando encarar o espelho. Seguiu direto para o quarto, onde seguiu pensando, com as luzes apagadas, resmungando sobre os planos feitos, os sonhos sonhados e um tempo tão curto para se perder em questões essenciais, sejam de ordem universal, social ou íntima. Abandonara todas as crenças, de modo que não sobrou sequer a crença em si mesmo. Amanhã completará 30 anos sabendo que a maioria das pessoas prefere não viver pra esquecer da vida que levam e reclamam mesmo assim...nós somos complicados e estamos todos certos, somos lindos com essa porrada de defeitos, programados pra definhar. Abriu o maior sorriso de sua vida até então antes de cair no sono; guardando e aguardando ainda tanta alegria. 30 anos e um poema que jamais foi escrito, mas que recebi pelas moléculas de ar e agora transcrevo, lembrando que não sou Chico Xavier, não se trata de metafísica porque ele ainda está vivo:

Já tive um, dois três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez anos
Onze, doze, treze
Quatorze, quinze, dezesseis
Dezessete, dezoito, dezenove, vinte e mais um, mais dois, mais três.
Farei vinte e quatro, vinte e cinco, vinte e seis...

Farei anos todos os anos
e nunca vou saber até quando

Contarei diaas todos os dias
Contarei meses todos os meses
Contarei anos todos os anos
Mas nunca vou saber até quando

Nunca vou saber até quando.

2 comentários:

  1. Caralho...
    Rua 2 de fevereiro te espera de braços abertos.

    Faltou a ilustração do velhinho da brahma "NÃO SEI, NÃO SEI!"

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  2. Outra observação.
    Tu tá ficando progressivo nos títulos hein garoto!
    Parece aquelas bandas maluca tipo HOLY WATER OF MEDICINE BAND rs

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