terça-feira, 19 de outubro de 2010

Reencontro

Tarde de sábado. Ontem à noite fez um frio danado, hoje o tempo está fechado e quente; o álcool escapa por todos os poros enquanto raul caminha do méier até a Marechal Rondon, na altura do Engenho Novo.
Amanda está outro fim de semana em casa, cuidando de sua filha. Engravidara aos 16; Não estava nos planos. Cansada e aflita, mas a criança, apesar de tudo, é linda e amada e vive rabiscando as pardes da casa com giz de cera e perguntando pelo pai.

- Teu pai é um filho-da-puta, meu anjo.
- Filho de quem?
Amanda dá um sorriso e se derrete toda em cima da inocência da criança mais linda do mundo.

Três batidas na porta e ela se levanta pra atender; as mãos que bateram eram as mãos de Raul, os braços também, e os olhos e o rosto...não resta dúvida de que é ele. Depois de tantos anos sem se ver, os dois naturalmente ficam estudando um ao outro, procurando alguma grande diferença, mas os desgraçados continuam os mesmos, só um pouco mais acabados, mas tudo bem, pois, afinal, é disso que se trata a vida, ir se acabando. Enfim, ambos mostram os dentes em sorrisos reais e abrem os braços sentindo um ao outro num abraço de olhos fechados.

-Entra aí.

Dentro da casa, ele fez alguma gracinha bem idiota pra criança e ela riu demais, entretanto, ele deixou-a só e se esparramou no sofá. Raul gosta de crianças, mas fica sem jeito de falar manter-se perto delas porque elas não respondem e pensa por um instante no que será que se pode passar na cabeça de uma porra dessas.

- E então, Amandinha, como vai essa brincadeira?
- Ah, tudo normal, sabe como é né...to cansada de viver na merda. Quer uma cerveja?
- Opa! To com uma sede!
- E você, como vai a vida? E as namoradas?
- Com a vida eu vou porque não tem jeito, mas com as namoradas não vou.
- Ué, e aquela que tava contigo um tempão, que você dizia que queria casar, que era teu grande amor...
- Desisti.
- Desistiu porquê? Cê não devia desistir.
- Papo furado.
- Virou viado não, né?
- Hahaha! Não po!

Raul pediu mais duas cervejas, ela trouxe e começou a falar sobre coisas banais e tristes, do tipo que todo mundo pensa: intelectuais, donas de casa, publicitários, cachorros, crianças, coveiros, padres, putas...menos camarão, porque dizem que tem merda na cabeça. Ela estava linda e não sabia que era a ela que aquele homem sempre amara e, enquanto falava, o sem-vergonha ficava observando o modo como ela piscava seus olhos e passava a língua nos lábios de quando em quando e os seios ainda lindos e as pernas e começou a ficar excitado.

- Sabe, eu te amei por muito tempo. Ainda amo, mas agora é diferente, um amor sem sonho, sem expectativa, convertido em conformismo de ter ou não ter; é como eu disse, desisti disso tudo. Merda.

Amanda permanecceu calada, olhando pra esse cara atraente com sua barba por fazer, ombros largos, rosto másculo, pensando que ele já estava meio chapado. Raul deu um bom gole na cerveja, colocou a garrafa no chão e caminhou até a fêmea; abaixou-se, segurou o rosto dela bem perto do seu, olhos nos olhos, a mulher derretida entre suas mãos e súbito desviou o olhar , abaixando a cabeça e balançando-a negativamente:

- Droga, onde fica o banheiro?

Entrou, encarou o espelho durante algum tempo e escapuliu pelos fundos da casa.
Alguém disse que havia inagurado um puteiro barato perto dali.

2 comentários:

  1. Drogaaaaaaaaaaaaaaaa!
    Muito bem, esse Raul aí é dos meus!
    Muito bom!
    Atualiza essa porra com mais frequência buceta!

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  2. Raul é um típico merreral/mirmidão!
    Também acho que precisa atualizar mais, heim!

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