sábado, 23 de outubro de 2010

Homem com H - uma história nem tão moderna


Quando cheguei em casa, papai estava sentado com a expressão muito séria, como só fazia quando jogava porrinha valendo dinheiro. Em seu rosto se esparramava uma fraca luz amarelada da luminária que ficava ao lado da poltrona; parecia cena de filme de mafioso, principalmente quando ele deu um longo trago no cigarro, calmamente soltando a fumaça pelas narinas. Estava até bonito. O velho tinha charme...deve ter comido muita mulher nessa vida. Cumprimentei-o como de costume e então dissipou-se sua aura de bandido elegante, cedendo lugar ao cachaceiro vulgar que era:

- Ouvi boatos de que tu anda dando o cu; me diz que não é verdade. Não tem nada pior pra um pai do que isso. Aceito até que tu seja bandido, mas ficar por aí chupando pau não dá, os caras já tão me sacaneando no bar. Não tenho nada contra, desde que não seja na minha família.

Meu pai se emputecia comigo porque eu levava piranha pra casa, gastava dinheiro com isso, o que também é errado, pois o lar deve ser respeitado. "As putas, na rua", me dizia; está entendendo a diferença? Tudo bem, serei bem claro então pra tu entender essa porra de uma vez por todas:

Se eu souber que tu dá o cu, é bem capaz d'eu querer dar o meu também.





(O quadrinho da série "O pai do ano", que ilustra o post foi retirado do site www.nintendo.com.br)

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