domingo, 27 de fevereiro de 2011

Anedotas violentas

Ódio: Aversão inveterada e absoluta; raiva; rancor; antipatia.



O trem estava vazio e o tempo aprazível, com o céu azul mas sem muito calor. Blusão aberto e picolé de manga pra visitar a namorada que não vejo desde ontem, quando assisti o mengão campeão pelo primeiro turno do carioca, o que significa dizer que nada poderia me tirar do sério, como uma possível falha no sistema ferroviário. Contratempo insignificante. Pois bem, a falha não ocorreu mesmo, de modo que permaneci budista na expressão, até o momento de descer na estação de São Francisco Xavier (lembrem-se de que o vagão estava vazio) e uma velha querer entrar pelo mesmo espaço e ao mesmo tempo em que eu saía pela porta. Em um impulso de intolerância diante dessa postura escrota, resmunguei alto e abrindo os braços: caaaalma, caralho! E, de cara fechada, dei uma forte cotovelada na costela da velha, mas era amor o que me esperava.


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Marcelo era o craque do bairro, desde muito jovem seu pai percebeu o talento do moleque e, conforme crescia, a previsão do pai ganhava consistência. No campinho de terra não tinha pra ninguém e todos o queriam no time, claro. Com 15 anos começou a treinar na escolinha de futebol do maior clube brasileiro e dentro de pouco tempo ganhou destaque nas categorias de base, sendo elogiado por colegas de bola e treinadores, que diziam: a gente tem que dar um jeito de segurar esse moleque aqui, senão ele vai pra europa em menos de uma temporada.

Personalidade forte é uma faca de dois gumes; pra passar de qualidade pra defeito é um piscar de olhos, e Marcelo era desses. Competitivo, passava dos limites quando o time estava em dificuldades e brigava com os companheiros, mesmo nas peladas no campo de terra, onde certa vez acertou um soco na cara do Russo, que na ocasião era o zagueiro da pelada e, segundo Marcelo, o culpado pelo gol que levou seu time à derrota. O garoto foi embora com a boca sangrando e o orgulho ferido, sem dizer uma palavra, e foi assim que a raiva tomou proporções incontroláveis. Russo se vingaria minutos mais tarde.

Marcelinho, como o chamavam, cometeu dois grandes erros além de levar as coisas muito a sério; ele desmoralizou um homem em público e esqueceu que homem hoje em dia resolve as coisas na bala, e pra deixar de ser babaca, tomou dois tiros no peito, caindo na pequena área.


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Viviane é muito gente fina, querida por todos em Madureira, onde mora e trabalha de segunda à sexta como vendedora. Gostosa e boa de samba, sempre que pode vai sambar na Portela, onde também é tratada com admiração e carinho por homens e mulheres, o que, como todos sabemos, desperta a inveja das outras. Pra piorar sua situação, ontem deu uns beijos no Paulo, por quem Irene é apaixonada. Já viu a merda que vai dar né? Mulher quando quer ser má é mais eficiente do que quando quer ser boa e por conta disso, Viviane vai ficar um tempo sem trabalhar, pois a Irene vai dar um jeito de queimar seu rosto. Muita sacanagem.

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FUDEU, PARCEIRO! ELES TÃO INVADINDO! FUDEU! LARGA O DEDO NESSES VERME FILHADAPUTA!
TÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁTÁ...
Embaixo de nossas camas, esperamos a trégua.

3 comentários:

  1. Sempre genial.. sempre.
    O ódio desperta a criatividade mais do que qualquer outro sentimento, me parece.. =)

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  2. Muito maneiro!
    Especialmente o do Marcelinho!
    Lembrei do nosso querido narrador Januário de oliveira com o seu " TA LÁ UM CORPO ESTENDIDO NO CHÃO!!!!!!!!!"

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  3. Porra,logo marcelinho?!?!?!?

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